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08/01/2013


Um gesto típico de uma personalidade forjada no denuncismo covarde do Araguaia.
Ressurge arrogante, com empáfia de um condenado.
É um lixo que retorna temporariamente ao seio da corrupção. —Câmara federal —
"Genoino: condenado por desrespeitar a lei, agora apto a escrever leis". Por Sandro Vaia

"Tenho a consciência serena dos inocentes”.

José Genoino é um homem de palavras e sentenças cortantes.

Durante vários anos foi a voz oficial do PT na imprensa conservadora.Teve uma coluna fixa na página 2 do Estadão e mais do que isso, o insuspeito voto de um dos ícones do reacionarismo burguês que forma a opinião do jornal.

Durante muito tempo, José Genoíno foi o petista limpinho, civilizado e ordeiro que tornou respeitável a opinião do partido revolucionário que queria queimar as instituições para implantar seu modelo socialista. A face palatável do partido para os burgueses que tinham horror aos barbudos revolucionários. Até o cavanhaque dele, a la d'Artagnan, era mais fotogênico, arrumadinho, geometricamente bem cortado.

José Genoino sempre foi um homem honrado e o seu passado de luta revolucionária uma medalha de honra ao mérito como aquelas que os meninos bem comportados ganham nos colégios internos.

Enfim, um fenômeno: um revolucionário respeitado e querido pelos reacionários.

Na época do mensalão, José Genoino carregava o andor de presidente do Partido dos Trabalhadores, como uma espécie de avalista das boas intenções do partido. Como desconfiar de um partido entregue à presidência de um sacristão de bons modos como ele?

Depois aconteceu o que todo mundo sabe. Aos poucos, enquanto as investigações iam avançando e as evidências da existência do mensalão foram se acumulando, Genoino foi perdendo a altivez, o peito empombado murchou um pouco e a voz metálica foi perdendo o tom afirmativo, altaneiro e superior. Não bastasse o mensalão, veio o patético episódio dos dólares na cueca.

Genoino se escondeu na humildade, passou por um início de depressão, escondeu-se no quarto dos fundos de sua casa, perdeu o brilho, seu orgulho empanou-se. Ele tornou-se opaco.

Condenado a seis anos de prisão por corrupção e formação de quadrilha, será beneficiado com regime semi-aberto e poderá trabalhar normalmente de dia e dormir na prisão. Se comparado a José Dirceu, dito o chefe da quadrilha, um mal menor.

Suplente de deputado assumiu a vaga do titular numa cerimônia realizada quinta-feira na Câmara. Filigranas jurídicas sobre a viabilidade ou não de um recurso à Suprema Corte, última instância do julgamento, permitiram que fosse diplomado.

Zangado, mal humorado e tratando a pontapés a imprensa que sempre lhe estendeu tapete vermelho, parece de mal com a vida assumindo um dos maiores paradoxos vivos criados pela adolescente democracia brasileira: temos, sabe lá por quanto tempo, uma pessoa condenada por desobedecer a lei considerada apta a escrever leis.
CARLOS MELO |
 CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER
“Só aos tolos os fatos ensinam.” Na Ilíada, que leio para meu filho,essa frase é inúmeras vezes repetida. Compreende momentos em que os personagens se deixam surpreender pelos acontecimentos. Há ali uma imensidão de heróis fortes como deuses - quando não deuses de verdade - que,vaidosos, subestimam as circunstâncias e superestimam o poder que possuem. Apanhados nas armadilhas da presunção, acolhem com as garras da soberba a destruição. No Brasil atual,os erros são de igual natureza. “Erros clássicos”,digamos assim.

Os escândalos da moda são pródigos nesse tipo de equívoco. Primeiro,o caso Rosemary Noronha,ex-assessora do gabinete presidencial,em São Paulo; depois,as revelações do ministro Luiz Fux, do STF. Ambos cumprem um roteiro conhecido. Ignorando a prudência,a vaidade abre as portas para o ocaso. A velha história do cavalo de troia. Da ex-assessora,não cabe discutir a vida pessoal. Não interessa o grau de seu envolvimento com o ex-presidente. No campo dos afetos,pedras jogadas vão e voltam como bumerangues. Não se cospe para cima. Apenas se confirma que na água do poder há mesmo algo - sua força, ansiedade e solidão - que desperta e favorece encontros e desencontros assim. De quando em quando,presidentes se embrenham por veredas do gênero.

Mas o direito à “vida privada” é via de mão dupla: se,na ida,não diz respeito ao público,na volta não deve se misturar com o Estado. Confirmado o noticiário,há inegável confusão entre as esferas: um oportunismo que avilta e conspurca relações pessoais,um assalto ao interesse público em razão e virtude de vínculos estabelecidos. Rose andou na contramão.

Não seria novidade o Estado submetido a conluios. É da natureza dos homens associar-se à fragilidade das leis. Não há nada mais atraente que o amigo do rei. Com ele,viola-se a democracia e a igualdade de oportunidades. Culpa de quem?Sobretudo,da polarização besta e do debate superficial que impede o aperfeiçoamento institucional. O problema é estrutural: punir é preciso,mas precaver-se é indispensável. Tolos são mesmo os que se deixam ensinar pelos fatos.

A história deveria instruir,servir de alerta. Dificilmente se cometerão erros inéditos: Getúlio Vargas tinha na família, no palácio e no quarto,Lutero,Gregório e Virgínia;Adhemar de Barros,a “Dr. Rui” e um cofre de encher os olhos (de Dilma). São exemplos. Completa,a lista é longa. Sabe-se que essa mistura não dá boa coisa. Lula não é Getúlio,nem Adhemar. Mas dormiu de boné. Impossível que tenha sido apenas leniente?Óbvio que não. Esse seu erro foi mais político que moral.

Para a crônica do poder,o grave é que Lula poderia ter evitado tudo isso. Mesmo os favoritos dos deuses são expostos a moiras que tecem e cortam destinos. Lula não é tolo para não ser precavido - tolo não chegaria,duas vezes,à Presidência. Mas também não é o Pelé que imagina. Agora,lutar com fatos será sua luta mais vã. No golpe duro que sofreu,Lula não pode culpar ninguém. “As elites”,como diz, montam o “cavalo de troia” que ele mesmo se deu. Só lhe resta administrar o prejuízo político e pessoal.

O caso do ministro Luiz Fux não difere na essência. Articulando a própria indicação, o candidato ao Supremo se supôs um craque: “Deixa,que eu mato no peito”. Guitarrista de acordes dissonantes,se não prometeu,insinuou. Infiltrado no STF, seria uma espécie de cavalo de troia. Cortejou quem condenaria mais tarde. Mas a bola que dominaria não era redonda e a torcida,furiosa,faria do julgamento um embate de leões. Teria a sagacidade das raposas?Seu nome não é fox.

A entrevista que concedeu ficará para a história como exemplo do peixe que vai pela boca,da fragrância exagerada da vaidade que o janota transpira. Tentando consertar o soneto declamado nos bastidores,publicou péssimo remendo. Revelou as vísceras do sistema, comprometeu seus pares. Viabilizaram-se todos pelos mesmos métodos?Provável que não. Mas o Tribunal e a Corte já não reluzem como há pouco. Como Fux, perdeu parte da magia. A pudicícia tem lá, no seu íntimo,certo despudor também.

Odisseu e Zé Dirceu. O cavalo de troia, original grego,foi obra de um sujeito mais que esperto chamado Odisseu - Ulisses, para os romanos. Sagaz,astuto,o mais inteligente dos aqueus. Após dez anos de combates,superou os súditos de Ílion enviando-lhes a destruição como presente, escondida no ventre de um cavalo de madeira. Em 2010,quem acreditou no candidato que fazia campanha ao Supremo Tribunal Federal não sabia que encomendava um cavalo de troia às avessas. Nem Fux é fox,nem José Dirceu é Odisseu.

O juiz se defende,o ex-presidente se recolhe. Justificam-se: “Não foi bem assim...”. Decerto que não. Nunca é. Ademais,não há provas. Apenas uma imaginária cerca de limites éticos que foi ao chão. Seria o suficiente para condenar? Ironias do julgamento do mensalão! “Só aos tolos os fatos ensinam”,ressoa a frase de Homero. Tento explicar a meu filho que o homem de virtude política não aprende com fatos. Simplesmente porque não permite que esses fatos ocorram.
José Ingenoíno, qual é o limite da honra?

 Até onde vai a falta de escrúpulo? É falha de caráter?
Ele pode aproveitar todas as brechas da lei, mas uma coisa é certa; Ele desceu os últimos degraus da descência humana, se equiparou aos degredados navegantes de Cabral que vendo a âncora sendo—lhe ofertada, se agarrou ao sonho de um novo futuro além—mar.
Com uma diferença entre os oportunistas degredados de Cabral e a pobreza de caráter exposto no gesto amoral de Ingenoíno.
Eles, os degredados enxergavam uma vida nova, um sonho distante. Um recomeço.
Ele, o amoral, volta ao seio da quadrilha, na primeira oportunidade, rouba, trafica, delata.
O navio dele não levanta vela, não enfrenta turbulências. Navega em águas turvas das falcatruas palacianas. O destino é o porto lamacento da hipocrisia.

Boa viagem deputadozinho.

Alberto Ribeiro Filho.
Absolvição sumária

Evitar a responsabilização de autoridades faz com que o Brasil se assemelhe a um Estado absolutista

ROBERTO ROMANO
Em artigo jocoso,"Apenasmente" Cajazeiras,o professor Eugênio Bucci analisou recentemente as acusações contra Luis Inácio da Silva. Ele compara o político popular ao personagem da novela O Bem-Amado,Odorico Paraguaçu. Boa dose de injustiça ressalta do texto,mas vários elementos devem nele ser levados em conta,como a crítica dos que eximem a priori o ex-presidente de toda responsabilidade pelos malfeitos cometidos em seu governo. Lula,escreve Bucci:

"teria tudo para enfrentar com grandeza as denúncias que dele se aproximam, sobretudo as mais recentes. Em vez disso,prefere se refugiar no mito de si próprio,um mito que,convenhamos,além de precocemente instalado,é ôco.

Discordo da última frase e me apoio no antropólogo Malinows

"O mito é um subproduto constante de uma fé viva que precisa de milagres,de um estado sociológico que tem necessidade de precedentes e de um código moral que exige uma sanção".

A taumaturgia cortesã se opõe à racionalidade da ordem política e jurídica. Não existe mito oco ou inocente.

Dois pilares,na república democrática, garantem o direito e a liberdade. O primeiro é a transparência dos atos políticos. Tal princípio é reforçado pela norma segundo a qual em todo processo os fatos devem ser descritos à exaustão (quid facti),sem os obstáculos das seitas, partidos,governantes poderosos. Os tribunais e seus integrantes (polícia, ministério público,advogados de defesa) precisam apurar os atos,os documentos, os testemunhos para definir uma narrativa sólida,contrária ou favorável ao acusado,do humilde cidadão ao poderoso. Outro item é a busca de situar os fatos sob a lei que os sanciona positiva ou negativamente (quid juris). Na Constituição brasileira estão previstos os casos em que governantes,atuais ou pretéritos,devem responder perante a nação. Nenhum parágrafo afirma que um líder,por sua popularidade ou grandeza,deve escapar da pesquisa dos fatos e das normas jurídicas. A Constituição,no entanto,não é espelho fiel do que ocorre na política nacional. Falar no Brasil em responsabilização de grandes líderes é anátema que faz surgir de imediato,nos lábios de quem manda na esquerda e direita,a ladainha sobre a intangibilidade do acusado,sua condição de pessoa acima das outras. Semelhante traço oligárquico impede a soberania popular,gera os tutores do País.

Enquanto não existir responsabilização das "autoridades",o Brasil será um anacrônico e virulento Estado absolutista no qual o soberano jamais é o povo e sim o ocupante do trono e seus cortesãos. O gestor e o político não podem ter contra si nenhuma acusação ou dúvida. É o que manda a fórmula restritiva "ilibada reputação" (illibatus,no latim bem conhecido pelos nossos poderosos significa "íntegro","completo"). Quando um prócer de qualquer partido ou ideologia sofre acusações que chegam à sociedade ele deixa - mesmo que inocente - de ser "ilibado",condição a que retorna se a Justiça assim o decidir. Quem paga impostos ou aceita obedecer às leis sob autoridades espera que os dirigentes sejam ilibados. Para manter um cargo é preciso que o funcionário,mesmo na chefia do governo,seja responsável e responsabilizado. Essa doutrina foi compendiada por John Milton e acolhida nas democracias: "Se o rei ou magistrado provam ser infiéis aos seus compromissos,o povo é liberto de sua palavra". (The Tenure of Kings and Magistrates).

É evidente que a imprensa não pode ser instância julgadora. Ela,não raro,abusa ao veicular acusações. Mas é também evidente que os julgamentos podem deixar de existir se atos que atentem contra o Estado e a sociedade não forem trazidos ao eleitor. Quando um político é acusado de negligência ou crime,para manter a fé pública o correto é investigar as denúncias até que prova cabal ou juízo as dissolvam. O político representa o Estado e deve ser íntegro. Caso contrário, desaparece a base legitimadora do poder que se regula pela democracia e se justifica pelo direito.

No Brasil,o poder público está sempre em crise,o que evidencia o frankenstein jurídico e institucional do nosso Estado. Apesar de sinais que anunciam melhorias na ordem política,como a lei de improbidade administrativa,a lei da ficha limpa, a lei de acesso à informação e outras,a fé pública é frágil entre nós. Combater a descrença da cidadania exige apurações isentas e responsáveis,sem truques afetivos e propaganda enganosa. A cada novo dia é preciso mostrar,por atos e palavras,que existe compromisso ético. Sem tais atitudes públicas e particulares, a governabilidade é impossível. Estado desprovido de fé pública não pode ser um regime livre e responsável.

A governabilidade tem como pressuposto a obediência,pela cidadania soberana, das leis elaboradas no Parlamento e destinadas à execução pelo governo. Se os eleitores não podem confiar na abrangência universal das referidas normas,se existe suspeita de que elas não valem para todos e para cada um dos cidadãos,se existem pessoas acima da lei,some a governabilidade. Bismarck dizia que duas coisas o cidadão ignora porque,caso contrário,jamais aceitaria: o modo pelo qual são produzidas as salsichas e as leis. Ele usa a figura médica antiga que une o poder político ao "regime". As leis alimentam o corpo político e devem ser controladas pelo juízo público. Este último requer ética e decoro dos políticos, estejam eles no poder ou fora dele. Bismarck foi contrário à democracia,inimigo da soberania popular. Se aplicarmos seu exemplo,no entanto,as nossas salsichas e as leis não passariam nunca pelo controle das secretarias de abastecimento. Nossos políticos,que se julgam acima do povo,provam apenas que elas surgem com o prazo vencido,apodreceram porque supõem o absolutismo ou a oligarquia. Não valem para uma república democrática.

* ROBERTO ROMANO É FILÓSOFO,PROFESSOR DE ÉTICA E FILOSOFIA NA UNICAMP E AUTOR,ENTRE OUTROS LIVROS,DE O CALDEIRÃO DE MEDEIA (PERSPECTIVA)
Comentando o artigo de Marcos Coimbra.
"Como a imprensa trata FHC"

O senhor Marcos Coimbra está certo ao levantar a corrupção desenfreada e não julgada do Sarney, do FHC. Revoltou a nós todos naquela época, o descaso com a impunidade.
Citaria aqui vários casos de corrupção sem se apurar os malfeitores. 
Agora, o senhor MC há de saber o enorme fosso existente entre FHC e lula. É natural (ele admite) que muito mais agradável ouvir um intelectual do que um energúmeno.
Pergunto: Alguém vai assistir um desfile de mulheres horríveis desfilando de bikinis? E posteriormente a entrevista com a vencedora? Claro que não!
— respondo por vocês—
No entanto perdem—se horas ouvindo a Prof° Conceição Tavares , com seu sotaque lusitano.
O que não é justo no senhor MC, é levantar erros do passado para justificar os erros dos seus mantenedores. Se só agora tá julgando os corruptos e poucos
—diga—se — temos que bater palmas. Houve avanço no gov. lula? Claro! E não foram poucos. Agora, o mérito não foi da mente deste Liliputiano que teve uma mãe que "nasceu analfabeta" e sim das medidas tomadas lá atrás no gov. FHC e seus ministros brilhantes, Malan, Paulo Renato de Souza, (já falecido), José Serra, etc...
Senhor Marcos Coimbra, o lula, como ele mesmo disse do irmão quando foi flagrado fazendo tráfico de influência, é um Lambari.
Enquanto ele se divertia gastando os nossos recursos, o Zé Dirceu arquitetava tomar o Estado usando a democracia como arma.
Este sim, foi um grande estrategista. Queria o poder absoluto comprando com o dinheiro que não era del. Roubado, seu que não era mas, meu e de todos os brasileiros que não faziam parte da nomenclatura. A sorte do Brasil é que as instituições estavam funcionando com homens que estudaram, eram e são os guardiões da lei. Cabe a nós exigir deles justiça. Entendo perfeitamente sua revolta com os últimos acontecimentos policiais envolvendo o energúmeno, repito, seu mantenedor.
Não se deve esperar de um esperto sindicalista cujo maior sonho era vestir paletó em vez de macacão — ele mesmo disse isso em vídeo gravado na campanha de 2002—
O esperto não é ele, são vocês que até agora escaparam da cadeia.
Vamos aguardar.
————————————
Eu acho que o STF não só deveria proclamar o resultado dos
réus condenados na AP470, como também fazer desenhos com eles, os condenados, atrás das grades. Só assim o Marco Maia —presid. da câmara federal— entenderia o resultado.
O que menos se espera de um presid. congressistas é que ele saiba ler, tenha uma boa audição e compreenda minimamente a constituição federal. Porque este conteúdo é obrigatório.
———PT saudações—————
É o Boris Yeltsin?
 —O ex presidente russo bom de vodka.—
O Boris era um idiota populista que assumiu a presidência russa sem saber o que representava.
No Kremlin vivia bêbado com vodka e caviar de graça.
Comparar Boris yeltsin com Michail Gorbachev é piada russa de mau gosto.
No Brasil temos algo pior. Pois na Rússia, não se provou que o bêbado Boris, tinha sido desonesto. Embora sejam iguais na comparação entre presidentes.
"Os cavalos da internet que relincham e dão coices".
 Por Nelson Motta

A maneira mais estúpida, autoritária e desonesta de responder a alguma crítica é tentar desqualificar quem critica, porque revela a incapacidade de rebatê-la com argumentos e fatos, ideias e inteligência. A prática dos coices e relinchos verbais serve para esconder sentimentos de inferioridade e mascarar erros e intenções, mas é uma das mais populares e nefastas na atual discussão politica no Brasil.

A outra é responder acusando o adversário de já ter feito o mesmo, ou pior, e ter ficado impune. São formas primitivas e grosseiras de expressão na luta pelo poder, nivelando pela baixaria, e vai perder tempo quem tentar impor alguma racionalidade e educação ao debate digital.

Nem nos mais passionais bate-bocas sobre futebol alguém apela para a desqualificação pessoal, por inutilidade. Ser conservador ou liberal, gay ou hetero, honesto ou ladrão, preto ou branco, petista ou tucano, não vai fazer o gol não ser em impedimento, ser ou não ser pênalti. Numa metáfora de sabor lulístico, a politica é que está virando um Fla x Flu movido pelos instintos mais primitivos.

Na semana passada, Ferreira Gullar (foto), considerado quase unanimemente o maior poeta vivo do Brasil, publicou na “Folha de S.Paulo” uma crônica criticando o mito Lula com dureza e argumentos, mas sem ofensas nem mentiras. Reproduzida em um “site progressista”, com o habitual patrocínio estatal, a crônica foi escoiceada pela militância digital.

Ler os cento e poucos comentários, a maioria das mesmas pessoas, escondidas sob nomes diferentes, exigiria uma máscara contra gases e adicional de insalubridade, mas uma pequena parte basta para revelar o todo. Acusavam Gullar, ex-comunista, de ter se vendido, porque alguém só pode mudar de ideia se levar dinheiro, relinchavam sobre a sua idade, sua saúde, sua virilidade, sua aparência, sua inteligencia, e até a sua poesia. E ninguém respondia a um só de seus argumentos.

Mas quem os lê? Só eles mesmos e seus companheiros de seita. E eu, em missão de pesquisa antropológica. Coitados, esses pobres diabos vão morrer sem ter lido um só verso de Gullar, sem saber o que perderam.



Nelson Motta é jornalista
Contra os fatos, não existem argumentos.

Mortes por arma de fogo em 2011:
Japão: — 11
Reino Unido: 39
Alemanha:—194
Canadá:— 200
EUA:— 9.484
Brasil:— 35.556.
Feliz_2013