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31/01/2011

Quem sou eu?

Para Aristóteles, o homem é um animal racional. Para Platão, era um bípede implube e para Fernando Pessoa, um cadáver adiado.
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Drumond.

Carlos Drummond de Andrade


“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante, vai ser diferente”.

Poema de um piloto desconhecido.

Antevisão

Oh! Eu deslizei pelos grilhões sombrios da terra...
E dancei pelos céus com asas prateadas.
Subi aos céus e me juntei...
Às turbulentas e alegres nuvens...
E fiz centenas de coisas que você nunca sonhou.
Girei, planei e balancei no silêncio iluminado pelo Sol.
Flutuando lá, busquei os ventos uivantes...
E levei minha aeronave ávida até ares parados...
Para cima, até o delirante azul em chamas.
Cheguei ao topo exposto ao vento...
A altura de graça fácil...
Onde nem a Cotovia nem a Águia já estiveram...
Enquanto minha mente silenciava...
Eu andava pela intocada santidade do espaço...
Esticava a minha mão...
E tocava a face de DEUS.



Franca, 19 de Outubro de 1944.
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(1) Poema encontrado num armário de um piloto que provavelmente morreu na 2ª guerra mundial.

Jequié nos versos de Wali Salomão!

Jequié nos versos de Wali Salomão!

cidade dura e arreganhada para o sol
como uma posta de carne curtida ao sal -
onde na rua do maracujá adolesci
e, louco, sorvia a vida a talagadas de cachaça
de alambique.
graveto-do-cão pitu luar do sertão.

uma ponte corta um rio de fazer contas.
arco e flecha de Sultão das Maltas
mira certeira as ventas do dragão lá na lua.
uma seta e um nome tupi de cidade em uma placa
- é, é, jequi, cesto oblongo de cipó pra pegar peixe
n'água, é, é. -
e a rua de paralelepípedo e a rua de chão batido
e a outra rua metade paralelepípedo metade chão batido
lembra jurema pé de joá cacto mandacaru.
fruta de palma perde os espinhos
mergulhada dentro da bacia cheia de areia.
bolo de puba umburana flor de sisal.


cidade dura e arreganhada para o sol
como uma posta de carne curtida no sal,
meu museu do inconsciente
é um prédio mais duro de roer
mais arreganhado para o sol
mais curtido nas salinas do canal lacrimal.

o anúncio ditava:
..."a farmácia estreita da rua larga"...
abro
minha caixa de amor e ódio
abuso
da enumeração evocativa,
desando a disparar:
rua alves pereira...
rua apolinário peleteiro...
rua do cochicho...


distingo bem o caroço duro de umbu chupado
da bostica, da bostiquinha redondinha
que nem biscoito de goma
que a cabra da caatinga fabrica.
de pouco vale agora essa sabença.
o chão e tudo é só paisagem calcinada
e tela deserta e miragem e cena envidraçada.

janela de marinetti
sem vista panorâmica
me lixo pro louvre da vitória de samotrácia
apois aposto na corrida futurista da preá
pego carona na rasante de um urubu
diviso lajedo molhado espelhando umbuzeiro gravatá.
um aleijada esmola e merca rolete de cana
três ararsa dois micos uma jibóia enrondilhada.
uma velha choraminga e mói dez tostões de erva
mais cinco mil-réis de sementes de urucum.
jegues carregados de panacuns.
pau-ferro rolimã curral dos bois.

uma ponte corta um rio de fazer contas.
pego as contas dos olhos e as enfio
nas platibandas das casas coloridas.
rua das pedrinhas... borda da mata...
guito guigó... bolha de mijo de potó...
a profa. teresinha fialho
e a família inteira de doutor fialho
no poleiro das galinhas verdes de plínio salgado.
verdes, verdes. e o amarelo aceso do enxofre
no fundo da talha d''agua-de-beber.
que não escutei "queto!", ouvir não ouço "coitado!".

urubuservar a vida besta do alto do urubuservatório.
por amor de quando fera e peixe e planta e pedra e ave
e besouro e estrela e estrume e grão de areia.
cada qual de per si,
e os jeitos e as qaulidades
das palavras
das quimeras
dos seres,
separados ou em uníssonos
silibavam oráculos...

a ti confesso, janela de marinetti:
comparacem até o mirante
mínimas brasas inquietas
catapultadas pelas criciúmas
dos rios pretos enchidos dos cafundós-do-judas
(minúcias de azinhavres,
línguas de trapos e de caroços,
de troncos e tocos,
hemorragias de baronesas e molambos);

na porta da casa facista
o audaz tenor bambino torregrossa assassina lua e luar.
a acha de lenha do passado figura fósforo queimado
carvão apagado
tição perdido e achado aceso
(no meio-dia calcinado carvão forja diamante)
que crepita confundido com as paredes
internas
externas
do porão da bexiga
que crepita fundido no fole refenfem
fem fem
femfem
no resfôlego da tripa que toca gaita,
a tripa gaiteira da folia dos magos reis do boi janeiro.
quem foi que disse que janeiro não saía
boi janeiro tá na rua com prazer e alegria.

essa alegria, motor que me move.
nascido com o auxílio das mãos da parteira mãe jove.
para todo sempre confino
o registro da palavra rotina
com o vento e a chuva
com o plúvio e o pneuma
machetados no registro
da palavra enigma.
Cidade-Sol.
Da minha infância desterrada.
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13/01/2011

Cao Hering. - Saída de Lula

Um desabafo contendo só verdades. É Cao Hering dando adeus ao ex-presidente que está enchendo a cara à nossa custa na praia do Exército no Guarujá. É um adeus como o ex-metalúrgico merece. Não é mais ele? Puxa, quase não acredito!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Catarse

A saída de Lula - Cao Hering

Ah, Luiz Inácio Lula da Silva, como esperei por este dia... Foram 2.922 dias vivendo a mais perversa das indigestões. Por favor, sem muitos rodeios e sem enrolar, entregue o osso e vá viver longe das câmeras, para que eu possa assistir aos jornais sem sobressaltos. Foi bom pra você? Divertiu-se? Então, pegue seus bonés, os mimos, meta-os em quantos caminhões necessários e, como diz a canção, junte tudo que é seu e saia do meu caminho. Pô, seja razoável, já estava mais do que na hora de o país se livrar de seus comentários inoportunos, dos palpites infelizes, das grosserias, do intermitente clima de campanha em voz rouquenha, dos discursos irados.
Deu!
Desmonte esse circo mambembe, a lona rota, o palco em desnível, leve consigo os artistas decadentes, os animais sem licença, os tratadores servis, os áulicos oportunistas e dê chance a esse respeitável e desavisado público a se ver livre dessa hipnose chinfrim, das palhaçadas sem graça, das mágicas previsíveis.
Devolva o dinheiro das entradas. Faça isso indo embora. Que grande aposta fizeram em você, falso brilhante, que nunca se entregou a uma lapidação. Foi bom pra você? Divertiu-se? Eu imagino, foi como tirar doce de criança. Bastou olhar aquela gente simplória e fazer-lhes umas gracinhas para que lhe carregassem nos ombros. E, sendo um deles, usou-os apenas como espelho. Por que, Lula, idolatrado e de microfone em punho, não aproveitou a chance para lhes dar bons exemplos? Não, você preferiu o legado da esperteza, a apologia à ignorância, desobediência às leis, saída pela mentira, incoerência deslavada, deboche e desrespeito a tudo que lhe entrava em desacordo. Dividiu o Brasil em “nós” e “eles”, elites e pobres, PT e não PT, o antes e o depois de você. Na prática, fez o diametralmente oposto: foi elite, rasgou o idealismo petista, governou com o legado do “antes” e, pior, aliou-se aos piores “eles”, como Sarney e Collor. Finalmente estou livre de suas frases infelizes, recorrentes, intempestivas e mal temperadas; do seu despreparo, da sua diplomacia mal ajambrada, das suas soluções toscas pra arrumar o mundo, de seu desejo de ser rei do planeta e de suas festinhas no Torto em chapéu de palha. Eu quero uma folga! E não me venha dizer que não apoio a inclusão dos desvalidos, a migração de classes, os programas sociais. É acusação barata. Ninguém é tolo, meu chapa. Isso valeu, e muito, mas não se imagine messias por causa dessas obrigações, não cabe essa auto-unção. E suas descabida pretensões mundo afora, hein? Conselho de Segurança,
Secretário-Geral, apaziguador de inimigos milenares... E enquanto isso aqui, “cara”, nossa saúde, segurança e trânsito, ó! Olha a coincidência: você passou 470 dias viajando! É o mesmo número que identifica nossa BR, duplicada apenas em suas promessas... Embaixada em Funafuti(?), asilo a Cesare Batisti, único a reconhecer a China como economia de mercado, empréstimos perdoados, puxa-saco de déspotas, aumento da dívida interna... O cardápio de pretenso “estadista” esteve mais para As Aventuras de Lula na Casa da Mãe Joana. Pra finalizar, Lula, sabe quem é a prova inconteste do seu descaso pelo país? Sua mulher. Eu explico. No início do seu governo, quando repórteres perguntaram a Dona Marisa o motivo da requisição da cidadania italiana para os filhos, respondeu “quero um futuro melhor para eles”. Diga: o que essa mulher ouvia em casa enquanto você articulava o acesso à presidência? Nada! Conclusão: a presidência,
pra você, Lula, era apenas algo pra se pegar por pegar.
Foi bom pra você? Então, tchau! Feliz Ano Novo pra mim, e que venha a búlgara. Se trouxer um mínimo de traquejo já estará muito bom.

03/01/2011

Frase na entrada da casa de Cykha em Itaparica - Bahia

LEMBRE-SE
Todos são bem vindos a esta casa. Não por ser oportuno, mas por ser certo. Ao adentrar por este portão lembre-se; Aqui moro eu, meu corpo, meu espírito, minha alma. Tudo que nela existe não são objetos, são estórias materializadas, portanto não são suas não as leve, apenas converse com elas e as use como instrumento de comunicação. Mesmo, caso, eu não esteja presente, considere em casa, pois, a mesma não me pertence, apenas repouso nela.
Çykha.